Recuperação e Preservação da Mata Atlântica
Os sistemas agroflorestais constituem sistemas de uso e ocupação do solo em que plantas lenhosas perenes (árvores, arbustos, palmeiras) são manejadas em associação com plantas herbáceas, culturas agrícolas e/ou forrageiras e/ou em integração com animais, em uma mesma unidade de manejo, de acordo com um arranjo espacial e temporal, com alta diversidade de espécies e interações ecológicas entre estes componentes. A diversificação de culturas ocasiona uma melhora significativa das propriedades físicas, químicas e biológicas do solo por meio de ciclagem de nutrientes e controle de erosão. As condições criadas pelo uso de diversas espécies de diversos estratos possibilitam o desenvolvimento de culturas que são beneficiadas pelo sombreamento como cacau, café e palmito. Economicamente a diversificação da produção em diferentes épocas do ano pode ocasionar uma diminuição de riscos econômicos, melhor distribuição temporal e maior conforto do trabalho. O agricultor deve adequar as culturas à sua capacidade de investimento, interação entre espécies, condições edafoclimáticas regionais e condições favoráveis de escoamento pela comercialização. Essas opções devem ser fundamentadas e amparadas por políticas agrícolas implantadas pelo setor público a fim de favorecer a adoção e o sucesso desses modelos.
Com a difusão do cultivo da palmeira-juçara nas propriedades através do sistema agroflorestal, agricultores motivados pelo agronegócio têm aumentado o interesse da extração do palmito, produto com alto valor agregado. Na última década o agronegócio do palmito vem perdendo o caráter de atividade extrativa e um tanto clandestina devido às questões ambientais, à exaustão das espécies nativas, às exigências da ANVISA e ao aumento do cultivo de espécies nativas e exóticas. Os dados para este estudo foram obtidos entre junho de 2002 e março de 2003. Estimou-se que a produção de palmito no Brasil está em torno de 160 000 t/ano. Os dados oficiais (IBGE) de área plantada e produção são inconsistentes. Para 2003 informa-se a produção de 51 378 t (73,7 % palmito cultivado). O pólo dominante ainda é Belém, baseado na extração de açaí. Além de Goiás (palmito de guariroba), no Sul da Bahia e no Vale da Ribeira (SP) aumentam as lavouras de pupunha, seguindo-se Santa Catarina e Paraná, com área total estimada em 14 396 ha no País, em 2002. As exportações decresceram de 11 793 t em 1977 para 2 222 t em 2004; os preços, idem: US$ 5 772,00/t em 1977 e US$ 3 421,00/t em 2004. O Equador e a Costa Rica são os principais exportadores. Fora o Brasil, o mercado mundial do palmito é pouco expressivo (US$$ 65, 6 milhões em 2002). Os principais importadores são França, Espanha e Estados Unidos (Fonte: BRASIL/SECEX/Aliceweb, 2004). As estimativas de consumo no Brasil variam de 100 g a 940 g/pessoa/ano. Atualmente (2005) falta matéria prima em algumas regiões e os preços do produto estão elevados. O agronegócio da palmeira juçara é relativamente novo no Brasil e no mundo e está ligado diretamente a extração do palmito, alcançando relevância econômica significativa e, que pode ser atividade importante na reestruturação econômica de áreas com baixo potencial para a agricultura convencional. O palmito tem seu agronegócio estimado entre US$ 350 a US$ 500 milhões/ano, segundo estimativas de alguns pesquisadores e dirigentes de instituições (ABRAPALM) atuantes no setor. Considerando que a atividade é recente e que essas podem ser estimativas conservadoras, pois considerando-se os preços médios do palmito em tolete (R$ 21,00/Kg) e do palmito picado (R$ 13,00/Kg) no varejo, e o volume produzido/ industrializado no País, o valor fica em torno dos US$ 900 milhões no Brasil, mais US$ 65 milhões no resto do mercado mundial (ABRAPALM – 2002). O mercado é bom e muito pouca gente se dedica a essa atividade, o que sempre garante boa rentabilidade, já que há pouca competitividade e grande absorção comercial, vale ressaltar, que quanto mais “ecologicamente” correto, maior o valor agregado.
Entretanto, da palmeira não se extrai apenas o palmito. Os frutos também podem valer um bom dinheiro, tanto na produção de polpa, quanto para produção de mudas para plantio. A juçara é uma fruta muito nutriente e sua exploração sustentável pode ser uma atividade mais lucrativa do que a extração do seu palmito. O tolete de palmito (cerca de 70 cm) pode ser vendido por R$ 4,00. Já com a coleta dos frutos, o agricultor pode receber mais de R$ 26,00, com a venda da polpa e das sementes resultantes do processo de despolpa. Após a obtenção da polpa, suas sementes podem ser utilizadas para o replantio, para a produção de artesanato e servem como adubo orgânico. Especialistas apontam o cultivo dos frutos como melhor opção se comparado à extração do palmito, já que não há necessidade de cortar a árvore, o produtor colhe o ano todo e não precisa esperar sete anos até a árvore chegar no ponto do palmito. Com a expansão do conhecimento de novas formas de exploração, surge a necessidade de organização na extração e manejo da palmeira e sobre tudo, na preservação da espécie. Muitos órgãos como: Emater, Embrapa, Pesagro, ICMBio, IBAMA, ONGs, entre outros, vem participando ativamente deste processo e graças aos seus esforços para a educação ambiental, percebendo-se um avanço na recuperação da espécie e retorno positivo dos projetos implantados. Em alguns estados brasileiros é possível observar uma nova postura em relação ao manejo da palmeira Euterpe edulise e avaliar os resultados positivos de projetos implantados em todas as regiões do país, só na região ao redor do Parque das Neblinas, o manejo da juçara é feito em pelo menos 50 propriedades. O aproveitamento começa pelas sementes, que viram mudas para a venda. Cada uma delas pode ser comercializada por R$ 0,50 a R$ 1,50, dependendo do tamanho. Na região do Parque Estadual da Serra do Mar, em São Paulo, um projeto de recuperação da juçara está capacitando as comunidades que vivem na área para aproveitar a polpa do fruto da árvore. A colheita não destrói a palmeira e ajuda na renda. A aventura no alto das árvores ajuda coletores da região, que conseguem tirar até R$ 80 por dia de trabalho na época boa da safra. Outro exemplo é o “Projeto Juçara” que nasceu em 2005 em Ubatuba, depois, se estendeu também para São Luiz do Paraitinga e Natividade da Serra. Em Natividade da Serra a produção da polpa de juçara chegou a 900 quilos. De cada cacho de frutos é possível extrair em torno de 800 sementes e o quilo pode ser vendido por cerca de R$ 10. Três cidades do projeto usam a fruta na merenda escolar. As prefeituras são hoje as grandes compradoras, já que a polpa entra na cota da merenda reservada à agricultura familiar. No sul do país, Para evitar a extração ilegal, a Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro) e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) assinaram um convênio para a implantação do Projeto Palmeira-Juçara. A iniciativa permitirá o estudo da viabilidade econômica da exploração dos frutos da palmeira, utilizando um manejo sustentável adequado. (g1.globo.com/economia/agronegocios/noticia/2011/04/projeto-de-recuperacao-da-jucara-conscientiza-comunidades-em-sp.html).
Com base no estudo dessas atividades, aliada a observação do bioma existente na região, o projeto “S.O.S Palmeira Juçara” propõe a adoção de modelos semelhantes a ser implantado no município de Duque de Caxias e regiões adjacentes, através do programa de agricultura familiar desenvolvido pela prefeitura local introduzindo dentro do Sistema Agloflorestal, o plantio da palmeira Juçara em cultivos e reflorestamentos de áreas degradadas, como geração de renda e educação ambiental e qualidade de vida para as comunidades envolvidas e preservação da fauna e flora.
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